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Visita de estudo a Mérida
Por Trindade Antunes (Professora), em 2013/04/071186 leram | 0 comentários | 165 gostam
Foi diferente, para as turmas do 7.º ano, o último dia de aulas do 2.º período, 15 de março. Um salto ao país vizinho para uma visita de estudo à cidade de Mérida, património mundial de humanidade. Foi... inolvidável!
Antes das seis da manhã já todos os alunos do 7.º ano esperavam ansiosos pela entrada no autocarro frente à nossa escola. À hora exata teve lugar o início da viagem. Aliás, este viria a ser, durante toda a visita, um aspeto relevante. Todos os horários foram britanicamente cumpridos!
Durante o percurso foi realçado o facto de predominar a flora mediterrânica no país vizinho, com a quase inexistência de eucaliptos. Alguns destes exemplares eram “eucaliptas”, no dizer do nosso motorista. Vamos investigar… O casamento entre o xisto e o granito mereceu também alguns comentários.
A primeira paragem para o pequeno-almoço teve a presença de “convidadas”. Centenas de lagartas semelhantes às do pinheiro pejavam o chão. O insólito não impediu que se comessem as outras iguarias e se aproveitasse da melhor forma aqueles minutos ao ar livre.
Chegados a Mérida antes da hora prevista, foi pausadamente que, a pé, se realizou o percurso até ao local onde o guia, que nos acompanharia todo o dia, nos aguardava. Os restos da cidade romana já saltavam à vista em vários locais.
A visita iniciou-se pelo Anfiteatro Romano. O seu aspeto grandioso remete para uma arquitetura colossal, próprio do maior império da antiguidade. Caminhar pelo seu interior labiríntico, semelhante às praças de touros atuais, implica um olhar atento. As belas abóbadas de berço dos tetos, as gigantescas portas que conduzem às bancadas e que permitiam a presença de milhares de espetadores, só foram possíveis numa sociedade esclavagista, onde o trabalho de milhares de braços permitiu que agora fiquemos extasiados. O guia explicou com pormenor todos os seus aspetos construtivos e funcionais.
O anfiteatro era o local privilegiado das grandes festas para a plebe. Aí decorriam espetáculos com a duração de vários dias. Os mais famosos eram os combates entre gladiadores ou entre estes e feras. Tal como na tourada atual, infelizmente, quanto mais sangue mais o povo delirava. Nunca ocorreram no anfiteatro de Mérida batalhas navais, apesar das infraestruturas o preverem, o que atesta a sua grandiosidade.
A plebe não pagava os bilhetes de ingresso no anfiteatro. Os espetáculos eram oferecidos pelos políticos de então, com finalidades semelhantes às dos comícios atuais!
Ao lado situava-se o célebre teatro emeritense. No Verão ainda aí são representadas peças de autores clássicos. O local tem excelentes condições acústicas e alberga milhares de espetadores. O cenário, maravilhoso, ainda patenteia as elegantes colunas coríntias de mármore azul, que o distinguem de outros construídos por todo o império. As peças eram longas. Por tal motivo, anexo ao teatro propriamente dito, havia um extenso local com jardins e outros locais de lazer para os intervalos das representações.
O guia, como sempre, aproveitou para contar algumas histórias da História. Assim, relativamente às latrinas que ainda restam, explicou que os escravos “aqueciam” a pedra da sanita onde o seu amo se iria sentar e aguardavam para, no final, substituir o atual papel higiénico por uma gigantesca “cotonete”!
Finda a visita à zona privilegiada do Teatro e Anfiteatro, todo o pessoal fez exercício físico, percorrendo a pé a distância que nos separava da “Casa del Mitreo”, uma casa senhorial – domus – situada extra muros da cidade romana.
Passando pelo vestíbulo de acesso à mansão, começam a aparecer os vestígios de um primeiro átrio com quatro colunas, de um peristilo com tanque central, muitas divisões de uso familiar e um terceiro pátio com jardim.
Uma escada dá acesso às divisões subterrâneas. Pudemos ainda observar as termas. Atestando o poder e riqueza do proprietário, muitas estruturas apresentam-se decoradas com pinturas e belíssimos mosaicos.
Nas imediações, situam-se os “Columbários” – conjunto de edificações que albergavam restos incinerados e depositados em urnas.
Já com a “barriga a dar horas” a comitiva dirigiu-se para o local onde cada um deglutiu e bebeu o que recheava a mochila, desta vez sem livros! Foi rápida a refeição. A tarde começou da melhor maneira: um passeio no comboio turístico, para alguns, um dos momentos altos da visita.
Com informação sonora, ia desfilando no percurso todo um conjunto monumental de Mérida. Os olhos dos veraneantes passearam-se pela muralha “Alcazaba”, pela velha ponte romana e pela moderna Lusitânia, Aqueduto de Los Milagros, Alcáçova, Templo de Diana, Santa Eulália, Museu Nacional, ... Foi junto a este o ponto de chegada e a ele nos dirigimos em seguida.
O Museu Nacional de Arte Romana é composto por um grande compartimento central, constituído por uma sucessão de arcos que seguem o modelo das construções romanas. Esculturas, colunas, máscaras, mosaicos,... regalam o olho do observador. Na sua cripta conservam-se diversos vestígios arqueológicos e até uma calçada romana.
Alguns já estavam empanturrados com esta maratona cultural, mas ainda faltava a Alcáçova. Trata-se do primeiro monumento erigido pelos muçulmanos em Espanha. Muros com quase três metros de largura e dez de altura rodeiam um espaço central onde se destaca a cisterna de dupla escadaria e vestígios de várias épocas como a romana, visigoda e árabe.
No regresso ao autocarro, muitos já estavam de gatas. Chegados à Praça de Espanha uma surpresa: uma demonstração de Ferraris! Evaporou-se o cansaço! Quem arrancava os jovens das habilidades patenteadas pelos bólides que muitos nunca tinham visto ao vivo? Contrariados lá continuaram o percurso rumo ao autocarro. Neste o descanso fez-se cantando pois um improvisado show encurtou a viagem.
À hora e minuto exato estávamos em frente à escola. Era o fim da festa! O feedback que nos chegou não podia ser mais positivo. Estão de parabéns todos os alunos pelo comportamento irrepreensível e todos os participantes pela alegria reinante durante este dia inolvidável!

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