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Uma página de diário.....de FERNANDO PESSOA
Por Lurdes Pinho (Professora), em 2012/12/111040 leram | 0 comentários | 279 gostam
29 de novembro 1935
I
Aqui deitado sinto-me perdido de mim mesmo, fora do meu alcance. Morrer horroriza-me como tudo. Não sei o que me espera. Onde está Deus, mesmo que não exista?
II
Vivo ou finjo que vivo? Durmo ou estou desperto? Pesam-me as pálpebras agradavelmente.... Sinto-me desvanecer. Penso às vezes como um deleite triste, que se um dia, num futuro a que eu já não pertença, estas frases que escrevo durarem com louvor, eu terei enfim a gente que me compreenda (....).
III
Transbordei de mim não sei para onde, e aí fiquei estagnado e inútil. Sou qualquer coisa que fui. Não me encontro onde me sinto e se me procuro, não sei quem é que me procura. Um tédio a tudo amolece-me. Sinto-me expulso da minha alma. Não aspiro a nada.
             Dói-me a vida!
             Estou mal onde estou,
             e já mal onde penso em poder estar.
             Não me conheço e sinto-a a chegar.
IV
Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho, como sempre tenho sido (...)
V
Pressinto-a, vejo-a a chegar. Aos poucos e poucos lá vem ela marcar o seu juízo final. Dói-me a alma. Dói-me a vida. Dói-me a mão. Não fui nada, e nada sou. A vida passou-me ao lado... ETERNO FINGIDOR.

(Texto com supressões, elaborado por José Nuno Lamarão, 12º ano Turma A)













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